A INFLUÊNCIA DA FILOSOFIA POLÍTICA DE NICOLAU MAQUIAVEL NO POPULISMO DO GOVERNO DO PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS

PEDRO LUCAS TEIXEIRA MENDES, DANIEL BENEVIDES SOARES

Resumo


Visa-se, com este texto, abordar semelhanças entre a teoria política, proposta por Nicolau Maquiavel, concebida aqui como orientação populista, e a práxis assumida pelo Presidente Getúlio Dornelles Vargas, quando de seu governo – expresso de diferentes formas, seja com uma face ditatorial ou, então, democrática –, à frente da, atual, República Federativa do Brasil (em dois períodos: 1930-1945; 1951-1954). Retomando os principais textos maquiavelianos, a saber, O Príncipe e Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, tomar-se-ão as noções principais, pertinentes à sua ideia moderna de Estado, com as respectivas nuances inerentes. Foram estas indicações concretas, relacionadas aos dois modelos propostos – nos quais cria –, Principados e Repúblicas, que assentaram os alicerces para o pensamento político do filósofo florentino. Com o decorrer do tempo, foi esta mesma produção teórica quem deu reforço para diversas correntes, como o despotismo esclarecido – que, segundo o historiador Carlo Ginsburg, origina-se na obra de Maurice Jolly, Diálogo entre Maquiavel e Montesquieu no Inferno –, adotado, no transcurso das eras, em diferentes contextos, pelo globo. No Brasil das décadas de 1930-50, fez-se presente tal práxis, na gestão de Getúlio Vargas, quando, assumindo condutas autocráticas, revestiu-as duma roupagem, capaz de angariar-lhe, por um bom tempo, o apoio massivo da população e, também, expressivo, de organizações fortes, por exemplo, das Forças Armadas. Adotando, por justificativa primaz, a salvaguarda da nação brasileira, proporcionou as bases para o despontar duma forma radical de propaganda populista, o Queremismo, com o fim de extensão de seu encargo administrativo. Tomava, pois, por pretexto, aquilo que fizera-se em diferentes conjunturas, quando governantes assumiam, para si, plenas prerrogativas, aludindo a uma, suposta, manutenção da integridade e progresso geral dos territórios, geridos por tal autoridade constituída. A postura do estadista gaúcho, pois, resultou num dos mandatos mais complexos da História Nacional (o mais longo, diga-se), sendo, ainda, hoje, motivo de análise e discussão, nos círculos filosófico-políticos.

Texto completo:

PDF


ISSN: 2446-6042

© Unicatólica. Todos os direitos reservados.

Este sistema é mantido pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa.