“AS ANGÚSTIAS DO SERVIÇO”: UMA VISÃO DOS DESAFIOS PROFISSIONAIS VIVIDOS PELA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE UM CAPS DO INTERIOR DO CEARÁ

Beatriz Freitas da Silva, Milena de Holanda Oliveira Bezerra

Resumo


O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é caracterizado como uma instituição destinada a acolher, cuidar e apoiar pacientes com transtornos mentais, por meio da oferta de atendimento multiprofissional, como também da reintegração social, familiar e cultural. Seu principal objetivo é substituir a institucionalização, evitando dessa forma as internações e fomentando o exercício da cidadania e da inclusão social de pessoas com transtornos psiquiátricos graves e/ou persistentes. Dessa maneira, ele conta com o apoio de uma equipe multidisciplinar, que trabalha em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Para atender as necessidades dos usuários, este serviço percorre diferentes dificuldades, como o estigma, a disseminação do fenômeno da medicalização, condições internas desfavoráveis, o despreparo dos demais serviços para o atendimento de saúde mental, estruturas físicas inadequadas, as diferentes vulnerabilidades que atravessam o sujeito em atendimento e as limitações do serviço. Diante disso, o objetivo deste trabalho é refletir sobre a atuação em equipe nos CAPS, problematizando as dificuldades do serviço e a precarização do trabalho na rede pública de saúde. Trata-se de um relato de experiência do percurso vivenciado por uma estagiária do curso de Psicologia, no período de agosto a outubro, em um CAPS do interior do Ceará. Percebe-se que os usuários, os profissionais e o próprio serviço possuem angústias particulares, derivadas do contexto de trabalho coletivo, dos carecimentos sociais e das limitações profissionais. Os resultados revelaram o impacto inicial vivenciado pelos profissionais, manifestado através dos sentimentos de medo, frustração e impotência, evidenciando a importância de um constante repensar da ação profissional, destacando a realização de capacitação quando da entrada do profissional no serviço e da supervisão clínico-institucional como recurso para qualificar a prática, além da importância de um trabalho em equipe e do olhar multiprofissional em relação ao usuário. Isto posto, inferimos que a complexidade do trabalho das equipes dos CAPS constitui um grande desafio, tornando-se necessário para a promoção e assistência em saúde mental, sobretudo, estar atento à realidade social, econômica e cultural em que vivem as pessoas que atendemos, assim como, estarmos cientes de nossos papéis e possibilidades de atuação. Por fim, é importante considerar a construção das ações de saúde como resultante de uma pactuação social que envolve usuários, trabalhadores e gestores.

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ISSN: 2446-6042

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