INCIDÊNCIA DE FUNGOS PATOGÊNICOS NAS FEZES DE POMBOS EM ÁREAS PÚBLICAS DE QUIXADÁ, CEARÁ

Resumo

Os pombos são importantes reservatórios de agentes infecciosos. Suas fezes podem constituir importante problema de saúde pública ao deterem pH ideal e substrato propício para o crescimento de, dentre patógenos de diversos reinos, os de natureza fúngica. Tais aves, bem adaptadas às condições urbanas, se proliferam facilmente e se abrigam em edificações, aumentando a abrangência de dispersão de fungos que por vezes possuem como único requisito de difusão o fluxo de ar. O homem pode se infectar pela via respiratória, ao aspirar detritos de fezes secas dispersas ou pela ingestão de água e alimentos contaminados. Este estudo tem como finalidade a detecção e identificação de possíveis fungos patogênicos em excretas de pombos de áreas públicas da cidade de Quixadá, Ceará. Para tanto, a coleta de fezes foi realizada em setembro de 2019 nos arredores da praça José Linhares da Páscoa, em 4 pontos estratégicos de relevância para o estudo. O semeio em ágar Sabouraud contido em placas de Petri foi realizado no local, e seguiram para o laboratório de microbiologia do Centro Universitário Católica de Quixadá para serem incubados a 35° por uma semana. Com o crescimento, colônias foram macroscopicamente diferenciadas e semeadas em placas contendo mycosel, de modo a isolar fungos patógenos, sendo estas também incubadas a 35º por uma semana. A partir da proliferação, colônias foram diferenciadas e cada uma foi semeada em lâminas com ágar batata de maneira a permitir o microcultivo. Tais amostras foram incubadas a 35º por 5 dias e, após do crescimento, isoladas do meio de cultura, coradas e seguiram para a diferenciação microscópica. Por meio de fotografias obtidas a partir do processo, gêneros foram identificados por comparação a dados de herbários fúngicos. A partir das 4 placas de semeio iniciais, diferenciaram-se 9 colônias de forma macroscópica, quantidade que passou a 11 com o cultivo em micosel. Mediante a observação microscópica, constatou-se grande variedade morfológica e de cores, espelhando a diversidade fúngica das amostras. Dentre os gêneros detectados, Aspergillus spp. (dentre os quais características macroscópicas e microscópicas permitiram a diferenciação das espécies A. fumigatus, A. terreus e A. niger), Histoplasma capsulatum, Penicilium sp., Mucor sp., Rhizopus sp. e Absidia sp. Todos podem ser potencialmente patogênicos, sobretudo em indivíduos imunodeprimidos ou que apresentam contato mais constante com os espécimes. As infecções desencadeadas por cada gênero variam bastante, mas em geral acometem inicialmente o trato respiratório, causando necrose e nódulos pulmonares, por exemplo, podendo ganhar a corrente sanguínea e atingir outros órgãos, como o cérebro, desencadeando meningite fúngica. Atesta-se, portanto, que o pombo doméstico pode representar importante potencial patogênico para o homem, por vezes letalidade. Compete então às autoridades o uso transitório de anticoncepcionais adicionados ao milho de forma a controlar a população de pombos. Também a orientação da população de que evite alimentá-los, a instalação de telas nas residências e a higienização efetiva de focos de excrementos, assim como o não consumo e venda de alimentos ao ar livre próximo a praças onde haja muitas aves.