FITOTERAPIA E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: UM OLHAR PARA ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NO ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES POLIMEDICADOS

Lorena de Queiroz Silva, Adline de Souza Silva, Paula Andréia Nobre Oliveira, Ingrid Façanha Giffoni Maia Chaves, Cinara Vidal Pessoa

Resumo


O Brasil dispõe de aproximadamente 20% do total de espécies do planeta, sendo um dos países com maior parcela da biodiversidade. De acordo com a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos em torno de 55.000 espécies vegetais catalogadas, destas apenas 1.100 contém estudos sobre suas propriedades medicinais. Neste aspecto, os medicamentos fitoterápicos tem despertado a atenção dos diversos gestores, difundindo-se amplamente entre a população, tendo em vista a evidenciação de atividades farmacológicas e diversos benefícios relacionados em estudo. Observa-se a crescente demanda no mercado brasileiro acerca de fitoterápicos, onde este tem crescido anualmente cerca de 10,5%. Apesar de serem de origem natural, estes, são passíveis de causar interação com outros fármacos e acarretar danos ao paciente. Diversos estudos apontam para o risco dessas interações, inclusive aquelas envolvendo fitoterápicos. Assim o objetivo do presente estudo foi verificar na literatura as possíveis interações envolvendo medicamentos fitoterápicos e alopáticos e abordar a importância da atenção farmacêutica para minimização da ocorrência desse evento. Para tanto, realizou-se um estudo bibliográfico do tipo exploratório-descritivo, por meio de revisão de literatura utilizando-se publicações em português do período de 2013 a 2017, sendo encontradas 33 publicações e utilizadas 21, conforme critérios de inclusão e exclusão. Foram utilizadas para tal, a seguintes bases de dados: BDTD, BVS, CRUESP e Google Acadêmico. Dois ou mais fármacos poderão ser prescritos e esta combinação, nem sempre, trará benefício, pois as drogas podem interagir entre si, causando interação medicamentosa. Essas interações não se reduzem, somente, às substâncias químicas sintetizadas, mas também, com aquelas, presentes em plantas que são empregadas na preparação de chás, xaropes caseiros e medicamentos fitoterápicos. Um dos exemplos destaca-se a alcachofra (Cynara scolymus L.) quando utilizada com diuréticos pode causar hipotensão; o alho (Allium sativum L.) poderá intensificar o efeito de drogas hipoglicemiantes (insulina e glipizida) causando uma diminuição excessiva dos níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia); anticoagulantes não devem ingerir concomitantemente com medicamentos contendo Boldo (Peumus boldo Molina) pela ação aditiva à função antiplaquetária de anticoagulantes; com barbitúricos (fenobarbital) e outros sedativos, a camomila (Matricaria recutita L) poderá intensificar ou prolongar a ação depressora do sistema nervoso central; o gengibre (Zingiber officinale Rosc) poderá aumentar o risco de sangramento quando administrado conjuntamente ao ácido acetilsalicílico ou outros medicamentos que apresentem esta ação. Apesar de estarem relacionadas a eventos adversos graves, as interações envolvendo fitoterápicos e medicamentos alopáticos são pobremente notificadas e, portanto a atuação do farmacêutico faz-se necessário tanto para a identificação destes eventos quanto para a orientação do paciente, uma vez que o ato da dispensação do medicamento é de sua competência e constitui o último contato com o profissional antes de seu uso. Neste âmbito, também faz-se importante o acompanhamento farmacoterapêutico, onde a participação do farmacêutico em conjunto com outros profissionais de saúde aumentaria, desta maneira o conhecimento de possíveis efeitos nocivos antes da prescrição de medicamentos, ou permitir uma rápida detecção de reações adversas, diminuir gastos hospitalares, além de buscar o uso racional de fitoterápicos, através do conhecimento de sua eficácia, efetividade e segurança.

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ISSN: 2358-9124

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