DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE PICTOGRAMAS EM UM GRUPO DE IDOSOS DE UMA INSTITUIÇÃO FILANTRÓPICA CEARENSE
Resumo
No decorrer das últimas décadas, o perfil demográfico do Brasil tem se modificado rapidamente. O número de idosos tem apresentado um domínio significativo sobre o de crianças e jovens, caracterizando um envelhecimento populacional. Este quadro reflete em uma maior incidência de doenças crônicas, fazendo destes os maiores consumidores de medicamento. Particularmente, na sociedade brasileira, a farmacoterapia torna-se um processo arriscado já que, além das características intrínsecas ao envelhecimento, esta alberga a prescrição de fármacos impróprios à população geriátrica, a polifarmácia e o analfabetismo, que propiciam o surgimento de reações adversas a medicamento (RAMs). Estas, por sua vez, implicam em diversos danos à relação profissional-paciente, dentre eles a perca da confiança no profissional e a não adesão ao tratamento prescrito. Assim, a criação e o uso de ferramentas educativas que facilitem o acesso a esta informação, faz-se necessário. Diante disso, este trabalho objetivou desenvolver e aplicar pictogramas em idosos, visando promover a educação destes em torno das RAMs e das condutas para preveni-las e reduzir os riscos de agravos frente a estas. O estudo foi do tipo descritivo, observacional, transversal, prospectivo, consistindo em uma abordagem quali-quantitativa. O cenário da pesquisa foi a Casa de Acolhida São João Calábria. Dos 30 idosos da instituição, 12 (40%) atenderam aos critérios de inclusão, compondo, portanto, a amostra do presente estudo. Observou-se neste público, a presença de uma série de fatores de risco para RAM, como: idade avançada, baixa escolaridade e polifarmácia. Em relação ao conhecimento sobre as reações adversas de seus medicamentos, os idosos demonstraram não conhecer as mesmas e as condutas para preveni-las e amenizar o risco de agravos destas. Diante disto, foram criados 12 pictogramas para abordar tais aspectos. Mediante utilização dessa ferramenta, observou-se que 91,7% (n=10) dos participantes conseguiram apontar, pelo menos, uma RAM relacionada ao seu medicamento. Ainda, 66,7% (n=8), citaram corretamente, ao menos, uma conduta preventiva e todos conseguiram apontar as condutas a serem executadas diante de tais reações. Os idosos, principalmente aqueles com baixo nível de escolaridade, relataram que os pictogramas constituíam uma ferramenta mais simples que a bula e, portanto, mais compreensível, fato que proporcionou um elevado nível de aceitação entre os mesmos. Diversas são as características, presentes nos idosos, que dificultam o processo de educação destes. O desenvolvimento de ferramentas suplementares, como os pictogramas, é, portanto, uma alternativa valiosa para a execução desse processo tendo em vista que estes constituem uma linguagem mais acessível para os diversos perfis de pacientes, principalmente aqueles com menor escolaridade. A criação dessas estratégias é, no entanto, um desafio para os profissionais de saúde, tendo em vista que esse ainda é um campo pouco explorado, fazendo-se necessária a execução de estudos que venham a subsidiar essas carências.
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PDFISSN: 2358-9124
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