ESTUDO DAS DISCRASIAS SANGUÍNEAS OCASIONADAS PELO USO DE PSICOFÁRMACOS

Resumo

Discrasias sanguíneas são condições anormais do sangue por alterações nos elementos que o constituem e em sua qualidade. Uma variedade de medicamentos tem sido associada ao aparecimento de discrasias sanguíneas, dentre estes, se destacam os anticonvulsivantes e antipsicóticos. Ainda não se conhecem bem as causas das discrasias relacionadas a estes grupos de medicamentos, alguns estudos sugerem fatores como etnia, idade, reação imunológica e causas idiossincráticas. O presente estudo objetiva-se a revisar na literatura as discrasias sanguíneas pelo uso de anticonvulsivantes e antipsicóticos. Trata-se de um estudo bibliográfico do tipo exploratório-descritivo, cujas bases de dados utilizadas foram BVS, SciELO e MEDLINE, sendo que para a busca dos artigos foram utilizados os descritores em saúde com palavras-chaves em português, inglês e espanhol: Agranulocitose, Antipsicóticos, Anticonvulsivantes. Foram considerados aqueles artigos com acesso disponível, cujo contexto abordavam sobre as discrasias sanguíneas desencadeadas por anticonvulsivantes e antipsicóticos. Foram selecionados 10 artigos do ano de 2013 a 2018, dos quais 5 foram empregados para elaboração do resumo. Foram excluídos trabalhos com duplicidade e que não apresentassem resumos na íntegra nas bases de dados. O aparecimento das discrasias sanguíneas está relacionado a alguns medicamentos, dentre estes, se destacam a Clozapina, Ácido Valpróico e Fenitoína. Estudos apontam que a Clozapina pode induzir agranulocitose, uma alteração sanguínea na qual ocorre redução acentuada de leucócitos granulócitos (neutrófilos, basófilos e eosinófilos), podendo ocasionar o aparecimento de infecções e morte do indivíduo, estando o surgimento desta reação presente em 1,3% dos pacientes no primeiro ano da terapia com taxa de mortalidade de 5% a 10% em países ocidentais. O Ácido Valpróico está associado ao surgimento da Síndrome Mielodisplásica, uma patologia pré-maligna ou cancerígena em que há falência da medula óssea, provocando hematopoiese displásica e ineficaz com possível evolução para Leucemia Mielóide Aguda. Na síndrome, pode-se observar quadros de neutropenia, plaquetopenia e/ou macrocitose eritrocitária. Já a Fenitoína pode desencadear anemia megaloblástica por, dentre as possíveis causas, gerar distúrbios na síntese de DNA levando o surgimento da patologia com aplasia de glóbulos vermelhos e deficiência de folato. Embora estes medicamentos apresentem eficácia na terapia a qual se destinam, se faz necessário o acompanhamento dos pacientes com a realização de exames laboratoriais para identificar possíveis alterações hematológicas. Portanto, o conhecimento acerca de suas utilizações e das possíveis reações adversas aos medicamentos (RAMs), como as hematológicas, é de suma importância para que sejam adotadas medidas de prevenção, ou para a detecção precoce das mesmas e/ou manejo dessas alterações para que se evitem complicações.