PERFIL DA UTILIZAÇÃO DE PSICOTRÓPICOS NO PÚBLICO INFANTIL

SANDNA LARISSA FREITAS DOS SANTOS, MARIA EDUARDA DA SILVA COSTA, ANA PAULA SOARES GONDIM

Resumo


Na pediatria, os psicotrópicos são amplamente prescritos para diversos diagnósticos psiquiátricos de forma cada vez mais precoce, no entanto, há uma limitação de dados sobre a efetividade e eficácia nesta população elevando os riscos de reações adversas que podem prejudicar a qualidade da terapia e o prognóstico clínico. Nesse contexto, destaca-se a importância de estudos farmacoepidemiológicos que tracem estratégias redutoras de problemas relacionadas ao uso de psicotrópicos. O estudo teve como objetivo determinar o perfil da utilização de psicotrópicos em um Centro de Atenção Psicossocial infantil no município de Fortaleza-CE. Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo com abordagem quantitativa realizado em outubro de 2019. Os dados foram coletados nos prontuários das crianças que iniciaram atendimento no ano de 2017 e que estavam com cadastro ativo para recebimento de medicamento psicotrópico no momento da pesquisa. Os dados serão inseridos no programa Epi-Info 7.0 e verificado a frequência de cada variável. O estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal do Ceará pelo parecer 1.684.517 e faz parte de um projeto ampliado denominado de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde: gestão compartilhada em Saúde (PPSUS) iniciado no ano de 2017 na referida instituição de ensino. Um total de 395 crianças iniciaram atendimento em 2017. Foram encontradas 482 hipóteses diagnósticas considerando as crianças com mais de uma, prevalecendo Autismo infantil 340 (70,5%) e Retardo mental moderado 284 (58,9%). A faixa etária variou de 5 a 7 anos (69%) e 13 a 15 anos (19%) no momento da pesquisa, a renda familiar mais prevalente foi de um salário mínimo em 320 (66%) crianças e 241 (50%) moravam em casa alugada. 298 (61,8%) crianças moravam com os pais e 184 (38,1%) com os avós, sendo que 369 (76%) tinham a mãe como cuidadora responsável no serviço. A frequência na escola foi constatada em 159 (32,9%) crianças e não foi encontrado dados sobre a série escolar. A média de uso de psicotrópico por criança foi de 2,5 medicamentos, sendo a risperidona 352 (35,6%) o mais utilizado, seguido de ácido valpróico 233 (23,5%) e metilfenidato 98 (10%). Além disso, 69 (57,5%) utilizavam prometazina e 22 (18,3%) salbutamol, como outras classes de medicamentos. Quanto à forma farmacêutica 455 (46%) tratavam-se de solução e 344 (34,8%) de suspensão. A faixa etária de início do uso do psicotrópico foi entre 2 a 5 anos de idade em 420 (87,1%) crianças. Assim, observou-se uma prevalência alta de uso de psicotrópicos em crianças, destacando a necessidade de estratégias que fomentem o uso seguro envolvendo os profissionais de saúde na área de saúde mental e pais/cuidadores nesse processo de cuidado. Destaca-se a necessidade de políticas de saúde mental e de medicamentos que sejam adotadas nos Centros de atenção psicossocial infantis, garantindo a menor ocorrência de reações adversas e minimização de danos pela utilização prolongada.

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ISSN: 2446-6042

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