IMPACTOS DO TRABALHO DOCENTE NA SAÚDE MENTAL: PERCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS DO ENSINO PÚBLICO

ERISLENE RAYANNE MOREIRA CRUZ, LUANA MARA PINHEIRO ALMEIDA, THAÍS ALEXANDRE BRITO, STÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIRO

Resumo


A saúde mental do professor é tema relevante na contemporaneidade devido às mudanças ocorridas no papel desse profissional, como a fragmentação do seu trabalho e a complexidade das demandas que lhe são impostas. Na literatura, a profissão docente é considerada uma das mais estressantes a ponto de isso gerar repercussões negativas na saúde física, mental e no desempenho profissional. Assim, objetiva-se analisar as repercussões do trabalho docente na saúde mental do professor do ensino público. Esta produção é um recorte dos dados da pesquisa filiada ao Programa de Iniciação Científica do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica) sobre saúde mental do professor da rede pública. A coleta ocorreu em outubro de 2020, após parecer positivo do Comitê de Ética em Pesquisa da Unicatólica sob o número 4.332.716. Trata-se de pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, com amostragem definida pela técnica snowball. Obteve-se o consentimento de participação e gravação da pesquisa, dados sociodemográficos e trabalhistas com um formulário do Google Forms e as entrevistas aconteceram tanto presencialmente quanto mediadas por tecnologias: Google Meet, WhatsApp, e-mail. Os 10 participantes foram 6 mulheres e 4 homens, faixas etárias estabelecidas nas escalas de 18 até mais de 51 anos, residentes em cidades do Ceará – Aratuba, Ocara e Quixadá –, todos professores da rede pública do ensino fundamental e/ou médio, com tempo de exercício da docência variantes entre menos de 5 anos até mais de 20 anos. A maioria dos entrevistados está na profissão desejada e se identifica com a prática ao considerar que esta proporciona transformações para a sociedade. Identificou-se a prevalência de profissionais que investem na formação continuada, reconhecendo a necessidade de atualização e preparação profissional. No entanto, apresentaram insatisfação no que tange às diversas atribuições do docente na atualidade, além do manejo com as preocupações cotidianas advindas do próprio fazer pedagógico e de problemas pessoais. Os professores afirmaram que o trabalho docente gera repercussões negativas passíveis de comprometer a saúde mental, apresentando queixas associadas à precária estrutura física das escolas, escassez de recursos, inadequações da prática no cotidiano, dificuldades de relacionamento com discentes, colegas de trabalho e com a gestão. Sobre a percepção dos impactos diretos na saúde mental, os profissionais denunciaram que já sofreram ou sofrem algum tipo de sofrimento psíquico advindo do trabalho docente, quais sejam: estresse, ansiedade, tristeza, medo, insegurança, pressão psicológica, preocupação excessiva, sentimento de inutilidade, solidão e insônia. Outrossim, referiram sofrimento físico associado, como cefaleias, dores musculares e fadiga. Esses impactos acabam por repercutir no desempenho do professor em diferentes níveis e ocasionam o desejo de não mais retornar à sala de aula ou à escola. Logo, corrobora-se com a literatura ao se constatar que o trabalho docente impacta de maneira nefasta as dimensões física, psíquica e o desempenho profissional. Torna-se cada vez mais necessário ensejar escuta e acolhimento no ambiente escolar, a fim de identificar demandas psicológicas e possibilidades interventivas que auxiliem as escolas, dentro de suas realidades, a produzirem espaços para práticas que amenizem as consequências negativas causadas pela execução do trabalho docente.

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ISSN: 2446-6042

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