ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE CASOS DE NOTIFICAÇÕES POR INTOXICAÇÃO EXÓGENA NO BRASIL

ANA CLARA NASCIMENTO SILVA, DARA BARBOSA DOS SANTOS, QUÉREN-HAPUQUE LOPES SOUSA, IGOR CORDEIRO MENDES

Resumo


INTRODUÇÃO: A intoxicação caracteriza-se pelo desenvolvimento de síndromes específicas decorrente do contato com substâncias químicas (exógenas), através da exposição ou ingestão em grandes quantidades, podendo ser consideradas tóxicas. Esses eventos podem acontecer de forma acidental ou proposital, como uma tentativa de suicídio ou assassinato, no qual é relevante que haja uma notificação de qualidade por meio da equipe de saúde. OBJETIVO: O objetivo desse trabalho consiste em analisar epidemiológicamente as principais causas de notificações por intoxicação exógena no Brasil. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo do tipo epidemiológico, descritivo, com abordagem quantitativa. Realizou-se uma análise de todas as notificações exógenas que ocorreram no Brasil, no período de 2016 a 2019. Os dados foram coletados no mês de outubro de 2020 em um sistema informatizado de domínio público, denominado DATASUS, com informações provenientes das notificações que são inseridas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e disponibilizadas no referido sistema. Foram utilizadas como variáveis ano de notificação, principais causas das notificações, faixa etária e motivos que levaram a ingestão de substâncias químicas. A referida pesquisa respeitou todos os aspectos éticos, conforme recomendado pela resolução 466/12 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), porém o trabalho não foi enviado ao comitê de ética, por se tratar de fonte de dados secundário de domínio público. RESULTADOS: Verificou-se que entre os anos de 2016 a 2019, foi registrada a ocorrência de 520.273 notificações de casos de intoxicação exógena, sendo os anos que representaram maior e menor registro de notificações 2016 e 2019 com 102.436 (17,91%) e 177.357 (31,0%) casos respectivamente. Desse total, as principais causas de notificações foram: Ingestão de medicamentos (n= 280.150; 48,99%); Drogas de abuso (n= 75.108; 13,13%); Igh/branco (n=51.566; 9,0%); Alimento e bebida (n= 36.551; 6,39%). Em relação a faixa etária, 237.241 (41,48%) correspondiam a população de 20 a 39 anos, 107.796 (18,85%) a população de 40 a 59 anos, 83.752 (14,64%) a população de 15 a 19 anos e 60.377 (10,55%) a população de 1 a 4 anos. Dos motivos que levaram a intoxicação exógena destaca-se a tentativa de suicídio, com 41,93% dos casos, ou seja, 239.774 casos, seguidos do uso acidental 98.430 (17,21%) e o abuso de substâncias 78.366 (13,70%). Além disso, ao avaliar a série histórica das notificações que ocorreram no público em análise, não foi possível verificar um padrão geral de variação ao longo dos anos, porém foi perceptível que os índices de intoxicação exógena estão crescentes no período analisado. CONCLUSÃO: A análise do perfil epidemiológico das causas de notificações por intoxicação exógena consiste em um importante indicador para os gestores em saúde. Nesse estudo, evidenciou-se elevados índices de notificações por uso de substâncias consideradas nocivas, em sua maioria de conhecimento do público, demonstrando a necessidade de intervenções que tenham o intuito de diminuir esses desfechos trágicos, que muitas vezes são evitáveis.

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ISSN: 2446-6042

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