INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA FRENTE À SUSPEITA DIAGNÓSTICA DE CÂNCER INFANTIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

LUANA MARA PINHEIRO ALMEIDA, MARIA BENEDITA YANE MACHADO, ANICE HOLANDA NUNES MAIA

Resumo


O câncer infantil representa a segunda causa de morte infanto-juvenil no país e estudos mostram que 70% das crianças acometidas pela patologia podem ser curadas em casos de diagnóstico precoce e tratamento em centros especializados. A possibilidade diagnóstica de câncer é profundamente receada por pacientes e familiares, por conta das mudanças que envolvem o processo do adoecimento e as metáforas que existem sobre tal. É de fundamental importância reconhecer que cada criança e cada família podem apresentar reações singulares que dependerão, não somente do estágio em que a doença se encontra, mas também da personalidade de cada um dos sujeitos envolvidos. Diante dessas considerações, a atuação da psicologia mostra-se como essencial na hipótese diagnóstica, no decorrer do tratamento oncológico e no desfecho do processo. Assim, a prática profissional está pautada na participação da equipe de saúde e busca delinear um protocolo de tratamento mais adequado a partir da entrada da criança e de sua família no ambiente hospitalar, participando da comunicação do diagnóstico, do esclarecimento dos estágios do tratamento, da alta ou dos cuidados paliativos e no auxílio aos pais na elaboração inerente ao processo de enfrentamento da doença e/ou luto. Posto isso, objetiva-se relatar a experiência das autoras sobre intervenções realizadas com um paciente infantil com possibilidade diagnóstica de câncer e seus acompanhantes no Hospital Maternidade Jesus Maria José, de Quixadá-CE. Trata-se de um relato de experiência elaborado no contexto da disciplina de Estágio Profissionalizante II, componente curricular do curso de Psicologia do Centro Universitário Católica de Quixadá - Unicatólica. As atividades ocorreram entre os meses de fevereiro a março de 2020, por meio de busca ativa, acolhimento, escuta, observação e encaminhamentos para os dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial – RAPS. Através da busca ativa notou-se a necessidade do atendimento à criança com suspeita de câncer e sua mãe que estava como acompanhante. A partir da imersão na prática, buscou-se intervir para organização da dinâmica familiar na ambiência, levando em conta a dificuldade apresentada com o processo de hospitalização e as metáforas acerca da doença, além do próprio estigma de morte que gira em torno do câncer. Diante disso, a atuação baseou-se na oferta de assistência e escuta qualificada à criança e sua mãe, buscando as possíveis formas de comunicação e oportunizando um espaço para que paciente e acompanhante expressassem suas emoções, medos e angústias, tornando-se assim sujeitos ativos e participantes do processo de adoecimento a fim de elaborar o processo. O acolhimento e a abordagem focal das demandas trazidas, possibilitou uma intervenção baseada na construção de respostas adaptativas para tal processo e na diminuição da ansiedade frente ao diagnóstico que poderia ou não ser confirmado. Portanto, é possível afirmar que a psicologia, continuamente, busca conhecimento e principalmente ferramentas a fim de estimular recursos psíquicos para o sujeito adoecido e seus acompanhantes independente das circunstâncias e se confirma ganhando espaço dentro da prática hospitalar.

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ISSN: 2446-6042

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