ALTERAÇÕES SANGUÍNEAS IN VIVO E IN VITRO OCASIONADAS PELO USO DE MEDICAMENTOS NATURAIS

Benedito Yago Machado Portela, Maria Larissa de Lima Aragão, Bruno Lemos Rabelo, Cintia Justino Rabelo, Lilian Cortez Sombra Vandesmet

Résumé


As reações adversas a medicamentos são atualmente reconhecidas como importante problema de saúde pública nas diversas populações, sendo responsáveis inclusive por significativo índice de internações hospitalares e mortalidade. As reações adversas, em sua maioria, estão sendo associadas ao uso de medicamentos. Para a identificação das mesmas, é necessário que os profissionais de saúde que acompanham o tratamento notifiquem a ocorrência dessa alteração associando com o medicamento utilizado, o que muitas vezes não acontece com os medicamentos alternativos, onde a população, em grande parte, omite o uso, pois, por uma visão empírica, pensa que, por ser natural, não ocasiona problemas ou não há necessidade de falar. O presente trabalho objetivou relatar as alterações sanguíneas ocasionadas pelo uso de plantas medicinais e fitoterápicos, destacando a importância de se conhecer as alterações ocasionadas por fármacos, tanto para o tratamento quanto para o resultado de exames laboratoriais. O estudo trata-se de uma revisão de literatura, onde a seleção do material contou com publicações nacionais e internacionais publicadas entre os anos de 2008 a 2018 nos bancos de dados do Google Acadêmico, LILACS, PubMed e SciELO. Os descritores utilizados para a busca de artigos foram: alterações sanguíneas, exames laboratoriais e fitoterápicos. Plantas como Melissa officinalis e Cymbopogon citratus (erva-cidreira), Matricaria chamomilla (camomila), Peumus boldus (boldo) e Mentha piperita (hortelã) apresentam atividade antioxidante devido aos componentes fenólicos de seus óleos essenciais, e tal atividade pode ser considerada superior a da vitamina C. Portanto, tendo em vista que a vitamina C pode, também, interferir na determinação sorológica de bilirrubina, creatinina, fósforo, uréia, alanina aminotranferase, aspartato aminotransferase, lactato desidrogenase e fosfatase alcalina, e na avaliação de glicosúria, hematúria e hemoglobinúria, deve-se considerar a possibilidade de interferência das plantas medicinais acima citadas em tais análises laboratoriais. As cumarinas podem, ainda, potencializar o risco de sangramento em pacientes tratados com antiagregantes plaquetários e apresentar ação quelante de íons de ferro, podendo causar pancitopenia em pacientes debilitados ou em uso de anti-retrovirais ou causar com uso prolongado um falso aumento na determinação do tempo de sangramento, tempo de protrombina e tempo de tromboplastina parcial ativada. O uso de tais plantas deve ser considerado ainda, como causa de diminuição dos níveis séricos de ferro e ferritina. Além disso, estudos clínicos comprovaram a inibição da absorção de ferro após consumo de hortelã. Na prática clínica, há necessidade de se conhecer a ocorrência de discrasia sanguínea induzida por medicamento para que medidas adequadas sejam tomadas. É também muito relevante o conhecimento acerca dos tratamentos farmacológicos que podem induzir alterações in vitro, acarretando em comprometimento do resultado de exames e interpretação incorreta. Diante do exposto, pode-se concluir que se faz necessário que os pacientes estejam conscientizados da suma importância do esclarecimento do uso de produtos fitoterápicos e que os profissionais de saúde estejam atentos para as possíveis alterações que os mesmos podem ocasionar e desmistifiquem a imagem errônea que a população tem sobre produtos naturais de que não causam prejuízos, assim diminuindo os riscos tanto de interferências nos exames quanto de prejuízos à saúde.

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ISSN: 2526-5237

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