COCAÍNA: TOXICIDADE, TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA. UMA ABORDAGEM NEUROPSICOLÓGICA DOS USUÁRIOS

João Batista de Lima Neto, Davi Lima Lopes, Antônia Victória Trindade Alves, Ávila Rodrigues Nogueira, Lilian Cortez Sombra Vandesmet

Résumé


Apesar de considerado um dos principais problemas de saúde pública no mundo, o consumo de drogas só aumenta no decorrer dos anos. Dentre as principais classes de drogas, destaca-se o uso dos psicoestimulantes, chamativos pela promessa de aumento de energia, foco e estado de alerta. Evidencia-se, em meio a tais drogas, a utilização da cocaína e seus derivados. De maneira geral, trata-se de um alcaloide branco e cristalino extraído das folhas de Erytroxylon coca, cuja forma de uso e grau de pureza delineará a maneira e nível pelos quais esta apresentará seus efeitos sobre o organismo. O uso da cocaína tem demonstrado aumento preocupante, que quadruplicou no último século, estando rotineiramente ligado a comportamentos violentos, criminais e acidentes, sobretudo em indivíduos com histórico de agressividade e doenças psiquiátricas. Antes livremente comercializada sob a forma de tônico e medicamento, passou à categoria de droga com restrições severas. Seu mecanismo de ação consiste no comportamento simpaticomimético indireto da substância, ao aumentar a concentração de catecolaminas (dopamina, serotonina e noradrenalina) na fenda sináptica por bloqueio de recaptação. A resultante é, para além da sensação de euforia, a atuação sobre o sistema mesolímbico, podendo desencadear dependência e dano psíquico, e sobretudo por complicações sobre o sistema cardiovascular no uso agudo. O início de seu consumo pode se dar por diversos motivos, como simples curiosidade, influência do meio, hedonismo ou alívio de sofrimentos, se dando por vezes associado ao consumo de álcool, resultando não somente no aumento do estado de euforia, assim como em toxicidade. O álcool também pode atuar como antecedente de consumo, assim como outras drogas e distúrbios psicológicos e emocionais, como estresse e depressão. Assim, o presente estudo objetiva delinear o perfil dos usuários de cocaína, ao considerar os fatores que levam à manutenção de seu consumo, sejam de caráter neuropsicológico ou social, estabelecendo relações com transtornos emocionais crescentes nas últimas décadas e os efeitos decorrentes do uso da droga sobre o ciclo familiar e comunitário do usuário. Para tanto, apresenta-se uma revisão de literatura embasada em trabalhos científicos, de 2010 a 2019, contidos nas bases de dados eletrônicos: Google Acadêmico, biblioteca eletrônica Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Os descritores utilizados foram “Cocaína”, “Neurotoxicologia” e “Abuso de substâncias”. O perfil observado propende majoritariamente a homens no início da fase adulta, com baixa escolaridade e sem ocupação regular; o uso constata-se sobretudo em associação a outras drogas, como maconha e álcool. A apresentação de estatísticas concretas para estes e demais fatores, no entanto, é dificultada uma vez que corresponde somente aos que procuram tratamento, não englobando toda a população alvo, além de que tais dados ainda consistem na coleta em indivíduos, por vezes, sob efeito crônico da droga e/ou crises de abstinência, podendo assim haver variação nos resultados. Estes, no entanto, oferecem uma pista sobre o perfil geral e, posteriormente, no desenvolvimento de estudos otimizem as formas de tratamento e de estratégias que diminuam o uso da droga.

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ISSN: 2526-5237

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